domingo, 11 de dezembro de 2011

Avaliação de alunos de ensino a distância ainda é desafio

A presença do professor em sala de aula está, em muitos lugares, sendo substituída pelo computador. Até mesmos cursos que dependem de habilidades bem específicas, como Música, já possuem versões de educação a distância. Mas, como avaliar o avanço musical de um estudante pela internet?
Cada vez mais, pesquisadores têm se debruçado no desenvolvimento de softwares que simulam instrumentos musicais e prometem auxiliar no ensino de Música a distância. No curso a distância de licenciatura em Música na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o primeiro do Brasil, dois programas já foram desenvolvidos: o teclado acompanhamento e o violão acompanhamento.
Único curso do tipo reconhecido pelo MEC, o curso está disponível para todos os estados do País e tem o objetivo de melhorar a qualidade do ensino musical nas escolas públicas. A graduação foi criada em 2008, com a coordenação das secretarias de Educação Básica e de Educação a Distância, e com o apoio e participação das secretarias de Educação Especial, Educação Superior e Ministério da Educação (MEC) e tem duração de quatro anos, sendo realizado totalmente pela internet.
Para isso, alguns softwares foram criados no Centro de Artes e Educação Física (CAEF) da UFRGS, parte da Rede Nacional de Formação Continuada de Professores da Educação Básica do MEC. O teclado acompanhamento ensina as sutilezas do instrumento musical por meio de um e-book, livro em formato digital que pode ser lido em equipamentos eletrônicos tais como computadores, PDAs e alguns celulares.
Assim como no violão acompanhamento, o software ensina teoria e depois dá exercícios práticos, mostrando para o aluno como se dá a leitura de partitura e simulando o teclado com animação. Para o violão, outra animação mostra as diferentes cordas e como formar diversos acordes, além do passo a passo de algumas canções.

Apesar da distância, avaliação é presencial
Apesar da boa qualidade dos programas, a avaliação dos alunos ainda é um desafio e precisa ser feita de forma presencial e com acompanhamento de profissionais. “Ainda não se pensa em abandonar completamente a necessidade da experiência presencial no processo de ensino-aprendizagem instrumental; talvez até nunca se pense nisso. Mas acredita-se que o material aqui desenvolvido pode estimular a autonomia de estudo no aluno, o que é fundamental para um instrumentista”, explica Helena de Souza Nunes, coordenadora do CAEF da UFRGS.
Portanto, pelo menos uma vez por mês, os alunos de graduação a distância precisam ser avaliados presencialmente em algum dos 14 pólos da licenciatura de Música EAD, distribuídos pelo País. “Por enquanto, pelo menos, este e-book deve ser entendido unicamente como um facilitador para atendimentos presenciais mais esparsos que as tradicionais aulas semanais de instrumento musical”, conclui.

Violinista busca criar avaliação online

Para resolver o desafio da avaliação virtual dos estudantes, o violonista Roberto Marcos Gomes de Onófrio projetou um curso totalmente online no ambiente Teleduc – recurso destinado à criação, participação e administração de cursos na web, desenvolvido pelo Núcleo de Informática Aplicada à Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) -, cujo conteúdo focou o ensino musical para estudantes de graduação, incluindo novas formas avaliativas.
Atualmente existem vários sites, vídeos e outros recursos disponíveis via internet para ensinar a tocar violão. Mas, de acordo com Onófrio, nenhuma das alternativas existentes contempla a mensuração do aprendizado do aluno. “Em qualquer uma das formas, não existe a possibilidade de se fazer uma pergunta ou resolver algum problema em tempo real”, diz.
Por isso, o violinista busca desenvolver uma proposta de ensino que ele chama de “estar junto virtual”. A ideia é apostar em um nível maior de interação entre aluno e professor. “O objetivo é promover a interação de forma mais eficiente, além de abordar de maneira mais abrangente o ensino de técnicas e de conteúdo teórico necessário para um bom aprendizado. Isto porque o ensino de música reserva desafios de se transpor em um cenário virtual”, explica.
Das categorias de ensino existentes atualmente, o pesquisador destaca a aprendizagem programa, também chamada de broadcast, na qual o conteúdo é disponibilizado de forma sequencial e impessoal, sendo proposto para todos os alunos, independentemente do conhecimento musical. Para ele, essa forma de aprendizado é pouco eficiente, pois não há interação, e não há como mensurar o quanto o aluno aprendeu.
A segunda categoria é a virtualização da sala de aula. “As aulas são passadas no mesmo formato e com os mesmos conteúdos das aulas presenciais, havendo apenas a mudança do ambiente físico para o virtual”, esclarece. Na tentativa de trazer outro modelo, o violinista trabalha para desenvolver um software que consiga, além de ensinar, medir o desenvolvimento dos estudantes.

Fonte: Terra


 

Com mais vagas, educação a distância precisa superar deficiências

Assistir a vídeos, participar de fóruns e esclarecer dúvidas por chat e e-mail é uma prática cada vez mais comum para os universitários brasileiros. A modalidade de educação a distância (EAD) cresceu nos últimos anos – já responde por 14,6% das matrículas na graduação -, mas os estudantes precisam ficar atentos para não perder conteúdo em relação às aulas tradicionais.
Quem opta por uma graduação ou qualquer outro curso a distância deve cumprir a mesma carga horária daqueles que frequentam as salas de aula de uma universidade. Segundo a coordenadora do núcleo de EAD da Universidade Metodista de São Paulo, Adriana de Azevedo, a diferença está no fato de o aluno poder estudar o conteúdo quando achar melhor. “Ele tem a opção de estudar diariamente, determinando horários para isso ou, então, fazer leituras e realizar suas tarefas nos finais de semana, por exemplo, caso sua rotina de trabalho seja muito intensa”, diz. Ainda assim, muitos alunos encontram dificuldades para assimilar o conteúdo dessa maneira.
No caso da Metodista, o acadêmico deve participar de encontros presenciais semanais, realizados nos polos EAD, localizados em diversas cidades do Brasil. Lá, ele assiste a aulas transmitidas da sede da instituição via satélite, ao vivo, e participa de trabalhos em grupo. Ainda que essa não seja uma determinação do MEC, Adriana explica que os encontros semanais são uma maneira de adaptar os alunos à nova realidade de ensino. “Achamos interessante criar um vínculo entre os estudantes, fortalecer a ideia de grupo, reforçar uma identidade”, destaca.
Ainda que variem de acordo com a instituição, os cursos a distância apresentam muitas características em comum: todos eles têm como base uma plataforma virtual, que disponibiliza conteúdo e permite que alunos e professores interajam por meio de fóruns e chats. É nessa plataforma que o estudante também tem acesso a apostilas e materiais em vídeo e áudio sobre o assunto. Além disso, seguindo exigências do MEC, todas as instituições devem aplicar provas presenciais de avaliação.
A coordenadora do Metodista garante que a modalidade atrai muitas pessoas já formadas em um curso de graduação presencial. É o caso de Sandra Brandt, graduada em Letras pela Unisinos, do Rio Grande do Sul. Mais de 20 anos depois da formatura, ela decidiu voltar a estudar. Cursou pós-graduação em Supervisão Escolar em EAD da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). “Aproveitei o curso tanto quanto teria aproveitado presencialmente, com a vantagem de que, sem precisar me deslocar, economizei tempo e dinheiro. Fui muito disciplinada. Lia todo o material, esclarecia as dúvidas com os professores. Se o aluno se compromete, o ensino a distância não perde para o presencial em nada”, diz.
Para especialista, falta preparo aos professores
As transferências de uma cidade para outra acabavam obrigando Roberto Teloecken a mudar de universidade sempre que o trabalho exigia. Por conta disso, algumas disciplinas cursadas eram invalidadas por outras instituições, e o estudante de Administração não conseguia se formar. A solução foi matricular-se em um curso a distância da Universidade Norte do Paraná (Unopar). Contudo Teloecken acredita que a modalidade apresenta carências.
“A faculdade a distância não promove diálogo nem troca de ideias como acontece na presencial”, diz. Roberto tinha uma aula presencial por semana, em um dos polos da universidade, quando assistia a uma transmissão feita pelo professor. “Nós podíamos mandar perguntas, mas, além de mim, milhares de outros alunos assistiam àquela aula. Na maioria das vezes, as dúvidas deles não correspondiam às minhas”.
Para conseguir aproveitar o conteúdo disponível ao máximo, Teloecken garante que seguiu as indicações dos professores com muita disciplina. “A EAD exige muita pesquisa, caso o aluno queira fazer um bom trabalho. Para ter uma atenção especial do professor, dá para usar o e-mail, além do fórum e do chat, que, mesmo com maior distância, possibilitam o contato com os colegas”, diz.
As ressalvas de Roberto em relação ao ensino a distância ilustram parte da crítica feita por especialistas. Organizador do recentemente lançado Educação a distância: cenário, formação e questões didático-metodológicas (Editora Wak, 2010), o sociólogo Marco Silva é cético quanto à qualidade do cenário atual da EAD no Brasil. Doutor em Comunicação, ele cita o descomprometimento dos alunos e a falta de preparo dos professores como alguns dos maiores problemas da modalidade.
Para ele, existe “uma espécie de mal estar em relação à EAD”. “O aluno lança mão desse recurso muitas vezes porque a universidade não abre outras possibilidades presenciais ou, então, porque mora muito longe da universidade e não tem tempo nem dinheiro para se deslocar. O problema é que, nesse caso, o próprio sujeito não está abraçando a causa com a coragem necessária. Ele próprio não está engajado. Não acredita, só faz porque não tem alternativa”, opina.
Silva é enfático na questão da má formação de professores. Na sua visão, os profissionais não são capacitados para atuar nesse formato. “Muitas vezes o professor vai para a modalidade online em busca de um plus no contracheque. Ele tem experiência no presencial, mas fica sabendo que a universidade vai abrir oferta em EAD e se candidata”, observa. “Nem sempre a universidade procura saber se esse profissional está capacitado, se ele sabe fazer um fórum ou um chat, por exemplo”.
Além de formar professores capacitados a interagir com os alunos, segundo Silva, é necessário desenvolver um desenho didático adequado à EAD. “É preciso rever a maneira como o conteúdo vai chegar ao aluno. Este conteúdo deve ser capaz de atrair e de instigar, e a docência deve ser capaz de aproximar”, diz.

Fonte: Terra

terça-feira, 16 de agosto de 2011

INICIATIVA CULTURAL

             Em interessante iniciativa, buscando a difusão cultural, o Laboratório de Imagem e Som do Instituto de Letras da Universidade Federal Fluminense – UFF (www.uff.br) lançou o primeiro volume de OS LUSÍADAS A TODO VOLUME, que traz gravações em áudio (no formato áudio-livro virtual) do clássico OS LUSÍADAS, de Luís Vaz de Camões, beneficiando aqueles que não tiveram acesso a esse clássico da Literatura, em especial aos deficientes visuais. O site traz também o texto da obra completa.
     
         O primeiro convidado a gravar o texto do Canto I, na íntegra, foi o professor de Literatura Portuguesa e poeta Luís Maffei. A obra completa é composta por 10 cantos.

         A produção de áudio e sonoplastia foi realizada inteiramente por alunos de Letras da UFF. Esta produção tem finalidade didática e cultural de difusão da literatura e não se destina a fins comerciais. O LISUFF conta com apoio da FAPERJ – Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (www.faperj.br) e do CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (www.cnpq.br).

         Para ouvir a gravação, clique no link:


(*) Se preferir fazer o download do áudio, para convertê-lo em CD (através de players/gravadores), clique na seta à direita do ícone SOUNDCLOUD.

         O LISUFF é um centro de pesquisa em linguagens, literatura e mídias, um projeto de inovação científico-tecnológica na área de Letras, desenvolve produção e divulgação de pequenos documentários e programas em áudio e vídeo digital sobre as atividades e pesquisas de Linguagem e Literatura.
         A Universidade Federal Fluminense também possui cursos de graduação a distância, abrangendo 27 municípios do Estado do Rio de Janeiro, com 6.386 alunos estudando nessa modalidade.